A conversão do cinema silencioso para o sonoro no Brasil na passagem para a década de 1930. Portanto pode ser mais bem definida como a adoção sistemática da projeção de filmes sonorizados mecânica e sincronicamente como padrão comercial do circuito cinematográfico exibidor nacional.
Contudo longo e complexo, envolvendo ainda alterações significativas nos modos de distribuição, exibição e recepção das cópias de filmes estrangeiros.
O artigo analisa, através de pesquisa na imprensa da época, como a legendagem foi introduzida e se consolidou. Aliás, em meio a
inúmeros procedimentos experimentados para se apresentar de forma compreensível e atraente ao público brasileiro os filmes originalmente falados em inglês.
Portanto temos as Palavras-chave: Cinema silencioso, cinema sonoro, distribuição de filmes, legendagem,
dublagem
Como já foi mencionado acima a dublagem e a legendagem são os dois tipos de tradução audiovisual que, certamente dominam no circuito do entretenimento brasileiro.
Embora a dublagem consiste em traduzir todo material auditivo da língua estrangeira para a língua materna suprimindo o som das vozes originais e adicionando outras vozes no lugar. Ele é o método mais popular, pois os espectadores acabam esquecendo que o programa no qual estão assistindo não é do seu país de origem.
Então a legendagem consiste em manter o áudio original e colocar na parte inferior central da tela um texto condensado com tudo que está sendo dito e informações extras que são relevantes para o entendimento da narrativa.
A popularidade da legendagem no Brasil não passa nem perto daquela usufruída pela dublagem, portanto na verdade está acontecendo um movimento que praticamente está exigindo a totalização da dublagem dos programas no cinema e na televisão brasileira.
É necessária a realização de uma pesquisa mais extensiva deste tipo de recepção no Brasil, contudo a imprensa nacional já vem destacando o fenômeno desde o início do presente ano.
Em 14 de junho de 2012 a Revista Época publicou dois artigos sobre o assunto, um intitulado “A dublagem venceu as legendas” e o outro intitulado “Abaixo a dublagem”. São artigos que abordam o tema criticamente com perspectivas totalmente opostas; enquanto o primeiro assume um ponto de vista positivo o outro considera o fenômeno como sendo extremamente negativo para o público brasileiro tanto de cinema quanto de programação televisionada (aberta ou a cabo).
Certamente em todo o território nacional. O artigo escrito por Tonia Machado e Danilo Venticinque explica como o aumento do fluxo da população de classe C aos cinemas e a possibilidade de compra de pacotes de programação na televisão a cabo no Brasil vem inundando os circuitos com material dublado.
Para exemplificar Machado e Venticinque afirmam que: A estreia de Os vingadores, o principal lançamento do ano até agora, mostra essa mudança em números. Das 1.152 cópias do filme lançadas no Brasil, 673 eram dubladas. O filme superou os R$ 110 milhões de faturamento, a maior bilheteria da história dos cinemas brasileiros. (MACHADO e VENTICINQUE, 2012).
Dois meses antes dessa afirmação Doris Miranda já havia publicado informação semelhante no jornal Correio da Bahia. Ela diz que Quem tem TV por assinatura em casa já percebeu a proliferação de filmes e séries dubladas em quase todos os canais. O mesmo vem acontecendo no cinema. Antes restritas ao público infantil, as cópias sem legendas agora são voltadas também para adolescentes e adultos.
Apesar das experiências iniciais da Paramount com a dublagem em português realizada em Nova York, EUA, e com as refilmagens, inclusive em português, em Joinville, na França, afinal a legendagem acabou por se tornar o procedimento dominante para a distribuição dos filmes falados no Brasil.
Das três alternativas, era certamente a menos dispendiosa, assim como a que provocava menos rejeição junto aos críticos e fãs, segundo se apreende nos comentários da imprensa da época.
Ao longo de 1931, tornando-se mais raros os anúncios de versões silenciosas
ou filmes apenas parcialmente falados, a revista Mensageiro Paramount passava a esclarecer quando se tratava do lançamento de um filme todo falado, mas com títulos explicativos em português ou todo explicado por legendas.
Dentre os estudos de Tradução Audiovisual, a legendagem cada vez mais ganha espaço no Brasil.
Assim, a maioria dos estudos de legendagem até o presente momento são estudos de caso.
Dentro de uma pesquisa relacionada à análise de aspectos da tradução
de um filme ou programa de TV, faz-se necessário saber onde exatamente
surgiu a legenda como mais um segmento da tradução e, em que momento ela migra do cinema para TV.
ASPECTOS TÉCNICOS DA LEGENDAGEM
A linguagem audiovisual traz peculiaridades relacionadas aos tipos de
códigos mostrados em seus materiais: o linguístico e o visual, que não se
dissociam e dependem um do outro para a compreensão da mensagem. Neste
sentido, a legenda se apresenta como uma das modalidades definidas por
Bergmann e Lisboa (2008) da tradução audiovisual.
A legenda fechada possui também uma subclassificação proposta por
Santiago (2002). Entretanto ode ser do tipo rotativo, onde as linhas sobem da parte inferior da tela, as palavras surgem da esquerda para a direita e são usadas em programas ao vivo; pode também ser do tipo pop-on, onde as frases ou sentenças surgem como um todo (e não palavra por palavra), ficando temporariamente na tela.
Este último tipo de legenda é usado em programas pré-gravados e assemelha-se muito às legendas abertas.
A confecção do closed caption é feita em um estenógrafo
computadorizado. O profissional que desempenha a função de operar esse software é o estenotipista. O teclado utilizado (chamado estenotipo) possui 24 teclas, sendo igual aos teclados usados pelos taquígrafos em tribunais. Neste processo, as palavras são digitadas pelos seus sons, não pela sua ortografia, segundo Robson (apud SANTIAGO, 2002).
Etapas e procedimentos
Os padrões adotados para a feitura de legendas no Brasil variam de
estúdio para estúdio, tipo de mídia ou meio de veiculação.
Mas existem procedimentos que são comuns no processo. Bergmann e
Lisboa (2008) dividem o processo de legendagem em três etapas.
A primeira etapa consiste em uma primeira visualização do material, quando o tradutor tomará notas a respeito do texto original, seguida da divisão do roteiro em unidades de tradução, de forma a facilitar o trabalho do tradutor.
Ao contar a breve história da legendagem no Brasil, dando ênfase na
confecção e todo o processo de tradução que se passa por trás desse
mercado, permitiu-se ter a compreensão de como se aplica a teoria da
tradução no trabalho feito pelo legendista.